Dr Eduardo Adnet


Médico Psiquiatra e Nutrólogo

O que é o Estresse? E o Esgotamento?

Estresse (Stress), significa pressão, e neste caso específico, pressão psicológica. O Estresse pode nos afetar em uma variedade de maneiras, física e/ou emocionalmente, e em diversos níveis de intensidade.

Enquanto estudos e pesquisas têm claramente demonstrado que algum grau de Estresse pode até mesmo ser benéfico, nos fazendo ficar mais alertas, e também melhorando nosso desempenho em determinadas situações específicas, o Estresse só pode ser considerado benéfico se possuir vida curta. O Estresse excessivo ou prolongado pode levar a diferentes doenças, físicas ou mentais, como por exemplo: problemas cardíacos, doenças gastroenterológicas (estômago e intestinos), ansiedade e depressão, dentre outras.

Quando ocorrem eventos que nos possam fazer sentir ameaçados ou prejudicar nosso equilíbrio físico e mental, as nossas defesas naturais entram em ação e criam uma resposta ao Estresse. Esta resposta dos nossos organismos pode nos levar a perceber uma variedade de sintomas, alterar nosso comportamento e também nos fazer experimentar sensações intensas e desagradáveis.

Sintomas Físicos

Os sintomas físicos relacionados ao Estresse são desencadeados pela ação de hormônios específicos em nossos corpos, os quais quando em ação (elevação) nos preparam para lidar com situações de perigo, ou ameaça. Esta é uma reação fisiológica e é universalmente conhecida como Reação de Luta ou Fuga ou Lute ou Corra. Dentre os principais hormônios envolvidos neste processo estão a adrenalina e a noradrenalina (um neuro-hormônio), e suas ações são diversas: Aumento da pressão sanguínea, aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da sudorese, do ritmo respiratório (taquipnéia), preparando o corpo para ações de respostas emergenciais. Esta ação hormonal conjugada pode ainda diminuir a quantidade de sangue que circula na pele, e alterar a motilidade do estômago e dos intestinos.

Um outro hormônio, o cortisol, também relacionado às reações presentes no estado de Estresse, libera gordura e glicose em nossa corrente sanguínea a fim de que tenhamos mais energia disponível para Lutar ou Correr. Como resultado destes processos biológicos, podemos experimentar dores de cabeça, tensão muscular, dores pelo corpo, náusea, indigestão e tonturas. A respiração fica mais acelerada, sentimos palpitações e sensações dolorosas que podem se apresentar em diferentes partes do corpo. Como já mencionado, se este estado é prolongado, aumentam os riscos de doenças as mais diversas, sendo as mais conhecidas doenças relacionadas ao Estresse o Infarto do Miocárdio (IAM) e os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).

O mecanismo de funcionamento do chamado Estresse fisiológico nos torna mais ágeis para a Reação de Luta ou Fuga, e uma vez cessada a ameaça, ou o perigo, os níveis dos hormônios envolvidos no Estresse voltam aos seus níveis normais. Contudo, se alguém se encontra constantemente sob Estresse, estes hormônios tenderão a permanecer em níveis elevados no organismo, levando aos conhecidos e já mencionados sintomas do Estresse.

Se a pessoa se encontra em um escritório cheio e barulhento, ou em um ônibus superlotado, por exemplo, a Reação de Luta ou Fuga não se concretiza, pois muitas vezes simplesmente não temos como nos ausentar daquele ambiente estressante. Desta forma, não podemos utilizar adequadamente os recursos bioquímicos que nossos organismos produziram para nos defender e proteger. Com o tempo, a acumulação de toda esta química, e as reações que ela desencadeia, pode prejudicar a nossa saúde. Por vezes de modo bastante significativo.

Sintomas Comportamentais e Afetivos (Emocionais)

Quando uma pessoa está estressada, ela pode experimentar diversos e diferentes sentimentos, sensações e emoções, incluindo ansiedade, irritabilidade, baixa auto-estima, insegurança, sentimentos que as podem levar a tornar-se isoladas, indecisas, desmotivadas, insones e apresentando episódios de choro. Também é comum nestas situações, o indivíduo experimentar períodos de preocupações constantes, pensamentos rápidos e repetidos passando ao mesmo tempo pela mente. Alguns podem experimentar mudanças de comportamento, tais como alterações na modulação do temperamento, tendência a agir impensadamente (sem ponderação) ou tornarem-se mais agressivas, verbal ou até mesmo fisicamente. Estes sentimentos e sensações podem alimentar um ao outro e produzir percepções as mais diversas, podendo fazer com que a pessoa acredite estar sofrendo de uma doença física séria.
 


As Causas do Estresse

Vários tipos de situações podem causar Estresse, muito frequentemente situações envolvendo o trabalho, questões financeiras (principalmente as dívidas), contendas judiciais e também problemas nas relações com amigos, colegas, filhos ou outros membros da família. Outras situações também comumente associadas ao Estresse são grandes reviravoltas na vida, como o divórcio, o desemprego, mudança de casa ou de cidade, e mesmo situações de menor impacto geral, como situações irritantes e persistentes (problemas com vizinhos, por exemplo), discussões frequentes, antipatias e intrigas pessoais no trabalho, sendo que por vezes o fator desencadeante do Estresse pode não ser tão evidente. A preocupação com dinheiro e dívidas muitas vezes ocupa uma posição bastante destacada no processo etiofisiopatológico (a causa e a evolução) do Estresse.

A combinação de Estresse crônico e dívida pode resultar em Depressão e Ansiedade, desta forma é importante ter o controle da situação financeira e buscar ajuda quando for necessário.

Uma sondagem recente, feita nos Estados Unidos, mostrou que 7 em cada 10 participantes da pesquisa responderam estar "muito estressados" devido a problemas financeiros. E, ao que tudo indica, esta proporção só tende a aumentar.

Muitas pessoas não procuram ajuda porque acham que isso seria uma como que admissão de fracasso pessoal. É importante, porém, atentar para o fato de que muitos fatores estressantes estão além do nosso alcance para modificá-los, já ao passo que outros não, por isso uma cuidadosa avaliação convém seja feita.

Há ainda situações onde os perigos e ameaças ocorrem a nível psicológico (ameaças não concretas), sendo que em muitas ocasiões, estes perigos e ameaças jamais saem do território da imaginação. É importante que isto também seja levado em conta na hora de se lidar com o Estresse.

Os Tratamentos

Classicamente, algumas categorias profissionais eram listadas como sendo mais suscetíveis ao Estresse. Exemplos clássicos são: Soldados em períodos de guerra, bombeiros, pilotos de aeronaves e policiais. Todavia, estas listagens estão aumentando cada vez mais, lamentavelmente. Ou seja, cada vez mais, novas categorias profissionais são elencadas como sendo mais suscetíveis ao Estresse: Bancários, professores, executivos, motoristas profissionais, jornalistas, universitários, coordenadores de eventos, médicos, dentre muitas outras. E a tensa situação dos nossos dias nos está conduzindo a uma situação onde praticamente qualquer pessoa pode estar sujeita ao Estresse.
Estas observações têm suscitado a necessidade de se buscarem meios cada vez mais rápidos e eficazes para combater a chamada Doença do Século XXI.

Ainda que os famosos chás de Camomila e de Manjericão ainda sejam usados, principalmente nas zonas rurais, é cada vez mais importante e marcante o papel dos medicamentos modernos como potentes auxiliadores no tratamento do Estresse, sobretudo quando este esteja associado à insônia e quando as manifestações físicas e psicológicas do Estresse prolongado já começam a ser difíceis de ser toleradas. A busca de tratamento deve ser encorajada. Em um primeiro momento, o tratamento deve ser estabelecido a fim de que sejam aliviados os sintomas mais proeminentes e incômodos do Estresse. Há pessoas, por exemplo, cujo estado de Estresse já se encontra de tal modo instalado que a identificação e a administração dos fatores desencadeantes (ou perpetuadores) do Estresse já se torna uma tarefa bastante árdua. Para outros, a insônia persistente associada ao Estresse pode chegar a ser insuportável, e o desempenho geral do indivíduo pode ficar bastante comprometido. Já é o momento de buscar ajuda.

Em outro momento, quando as manifestações físicas e/ou psíquicas do Estresse já se mostram sob controle, então é a hora de se buscar o melhor modo de se administrar os fatores causais do Estresse, embora isto também possa ser feito de um modo combinado. A abordagem dos acontecimentos estressantes pode ser feita com ou sem ajuda profissional, o que dependerá de cada caso, evidentemente.

Ainda que alguns medicamentos utilizados pela Psiquiatria sejam indiscutivelmente eficazes no tratamento de vários casos de Estresse, a combinação do tratamento medicamentoso associado a uma psicoterapia de curta duração parece surtir melhores resultados. A despeito destas considerações, muitos pacientes preferem a medicação em detrimento da psicoterapia. E é frequente esta solcitação feita a nós, psiquiatras. Ressalte-se, por fim, que a automedicação deve ser fortemente desencorajada. Caberá ao psiquiatra indicar, ou não, o uso da medicação no tratamento do Estresse. E caso esteja indicado o uso de medicação, os critérios de escolha, bem como possíveis efeitos indesejados dos remédios, convém sejam explicados, pormenorizadamente, a cada um dos pacientes. E quando se fizer necessário, também aos seus familiares.

 

Dr Eduardo Adnet

Médico Psiquiatra e Nutrólogo